A situação da falta de abastecimento de água na cidade de Guaratinga está sendo considerada intolerável pela população, que esteve reunida em audiência pública na tarde desta quarta-feira (16), contando com a união das entidades representativas da comunidade, igrejas, sindicatos, prefeitura e Câmara de Vereadores, quando foi discutida a gravidade da situação, discussão e encaminhamento de providências junto a Promotoria Pública, órgãos de governo, além de mobilização da população para possível paralização de rodovias de acesso à cidade, podendo chegar até fechamento da BR-101, além de suspensão do pagamento das contas de água enquanto perdurar o desabastecimento.
Logo na abertura da audiência, o coordenador Estevão Silva fez um alerta ao dizer que diante do momento critico que a cidade atravessa, “existem aqueles que querem ajudar, mas existem também aqueles que querem sugar”, como se estivesse prevendo o que estaria para ocorrer durante e no final da reunião.
Sugestões – Para solução do problema emergencial, foram feitas diversas sugestões, entre as quais o aumento do número de carros-pipa, transporte de água para o reservatório, para ser distribuída de forma mais racional e equilibrada, e perfuração de poços artesianos.
Inúmeras outras sugestões foram apresentadas como medidas mitigadoras e essenciais para prevenir a repetição do problema atual, tendo como exemplo a ampliação da barragem de captação de água, fomento à preservação de nascentes e replantio de matas ciliares, proibição do esgotamento de brejos, e a participação ativa da comunidade na fiscalização de problemas que atingem diretamente a natureza e os recursos hídricos.
Embasa foge do embate e da responsabilidade – Embora fosse convidada, segundo os organizadores, a Embasa não compareceu à audiência, fugindo do embate e da responsabilidade, o que deixou as pessoas presentes com o sentimento manifestado de que seus dirigentes estariam alheios ao problema, não interessados em resolver uma situação de tamanha gravidade, que a empresa não tem nenhum plano emergencial, e que apenas estaria preocupada em continuar cobrando as contas e cortando o fornecimento ao primeiro sinal de falta de pagamento.
Relatos – Alguns relatos feitos durante a audiência pública merecem destaque, como a informação do senhor Estevão de que cerca 80% da tubulação de água da cidade ainda é de amianto, material cancerígeno, de uso já proibido; relato do senhor Inocêncio Pinheiro de que o sistema atual, obsoleto, é o mesmo de 40 anos atrás, quando a cidade tinha 3 mil moradores e 500 casas, e hoje existem 12 mil pessoas residindo na cidade, com cerca de 5 mil residências; fala da senhora Renilda enfatizando a “fedentina” no local de captação de água da Embasa, mostrando fotos de animais mortos; o choro, emocionado e triste, da idosa Naildes, lamentando não poder pegar um balde água no carro-pipa por causa da idade, da sua dificuldade, e de já ter sido derrubada “com balde e tudo” pelas pessoas que se aglomeram e até brigam na disputa pela água.
Ao final da audiência, todos os pontos apresentados foram colocados em votação e aprovados pela assembléia, constando em documentos a serem encaminhados às autoridades competentes.
O prefeito Kenoel Viana e o secretário de Meio Ambiente, Juvenil Dias, estiveram presentes e participando da reunião. Segundo o prefeito, as diferenças políticas precisam ser deixadas de lado, informando que o decreto de emergência está sendo publicado pela Casa Civil do Governo da Bahia, o que facilitará a adoção de algumas providências emergenciais, tendo o vereador Gelson Almeida enfatizado que o prefeito vai ter um crédito de confiança, mas que não deve aproveitar a emergência só pra deixar de fazer licitação e conseguir recurso, e que deve resolver os problemas do povo.